Estresse laboral e síndrome de burnout: percepção dos treinadores da Liga de Basquete Feminino (LBF)
DOI:
https://doi.org/10.47197/retos.v62.106723Palavras-chave:
basquetebol, burnout, estresse, treinadorResumo
O objetivo do estudo foi identificar os fatores que podem causar o estresse laboral e a síndrome de burnout, bem como suas manifestações e seus efeitos, em treinadores de basquetebol feminino de alto rendimento. Nove treinadores da principal liga profissional de basquetebol feminino do Brasil participaram de entrevista semiestruturada. O roteiro de entrevistas foi baseado nas dimensões do estresse (organizacional, social, treinamento e competições) e da síndrome do burnout. Os dados foram analisados a partir da elaboração de miniunidades (MUs). Os resultados apresentaram 309 MUs associadas às seguintes categorias: estresse organizacional, social e estresse referente aos treinamento e competições, bem como manifestações referentes à síndrome de burnout. De acordo com os resultados, os treinadores apresentaram manifestações de estresse relacionados, principalmente, a fatores organizacionais, ao cotidiano de treinamento e competições e à vida social. Quanto à rotina de jogos e treinamentos, os treinadores das equipes com menor orçamento relataram que a falta de uma equipe multidisciplinar é um fator de estresse diário. Os treinadores também sofrem com manifestações de exaustão física e emocional, bem como se sentem invariavelmente desvalorizados. Alguns deles já pensaram em deixar a profissão. Um maior entendimento sobre as fontes de estresse e sobre as manifestações de burnout em treinadores do basquetebol feminino brasileiro pode auxiliar na melhoria das condições laborais desses indivíduos, bem como, na adoção de medidas de enfrentamento para melhorar o bem-estar dos entrevistados.
Referências
Altfeld, S., Schaffran, P., Kleinert, J., & Kellmann, M. (2018). Minimizing the risk of coach burnout: From research to practice. International Sport Coaching Journal, 5(1),71–78. https://doi.org/10.1123/iscj.2017-0033
Ackeret, N., Röthlin, P., Allemand, M., Krieger, T., Berger, T., Znoj, H., ... & Horvath, S. (2022). Six-month stability of individual differences in sports coaches’ burnout, self-compassion and social support. Psychology of sport and exer-cise, 61, 102207. https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2022.102207
Bentzen, M., Lemyre, N., & Kenttä, G. (2017). A comparison of high-performance football coaches experiencing high-versus low-burnout symptoms across a season of play: Quality of motivation and recovery matters. International Sport Coaching Journal, 4(2), 133-146. http:// doi:10.1123/iscj.2016-0045
Çakir, E., Güleşce, M., Sargin, K., & Fatih, E. R (2023). Examination of the Stress Factors Experienced by Coach-es. Journal of Education and Recreation Patterns, 4(1), 181-191. https://doi.org/10.53016/jerp.v4i1.112
Côté, J., Ericsson, K. A., & Law, M. P. (2005). Tracing the development of athletes using retrospective interview meth-ods: A proposed interview and validation procedure for reported information. Journal of applied sport psycholo-gy, 17(1), 1-19.
Côté, J., Salmela, J., Trudel, P., Baria, A., & Russell, S. (1995). The coaching model: A grounded assessment of expert gymnastic coaches’ knowledge. Journal of sport and exercise psychology, 17(1), 1-17.
Engel, R., & Schutt, R. (2011). Survey research. In: R. Grinnell & Y. Unrau (Eds.) Social work research and evaluation foundations of evidence-based practice. (pp. 326-364). Oxford: Oxford University Press.
Ericsson, K. A. (2020). Towards a science of the acquisition of expert performance in sports: Clarifying the differences between deliberate practice and other types of practice. Journal of sports sciences, 38(2), 159-176. https://doi.org/10.1080/02640414.2019.1688618
Fan, F., Chen, J., Chen, Y., Li, B., Guo, L., Shi, Y., ... & Shi, H. (2023). How relationship-maintenance strategies influ-ence athlete burnout: Mediating roles of coach–athlete relationship and basic psychological needs satisfaction. Frontiers in Psychology, 13, 1104143. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2022.1104143
Ferreira, R. M., Penna, E. M., Costa, V. T., & Moraes, L. C. (2012). Nadadores medalhistas olímpicos: contexto do desenvolvimento brasileiro. Motriz: Revista de Educação Física, 18, 130-142. https://doi.org/10.1590/S1980-65742012000100014
Fletcher, D., & Scott, M. (2010). Psychological stress in sports coaches: A review of concepts, research, and practice. Journal of Sports Sciences, 28(2), 127-137. https://doi.org/10.1080/02640410903406208
Gustafsson, H., DeFreese, J. D., & Madigan, D. J. (2017). Athlete burnout: Review and recommendations. Current opin-ion in psychology, 16, 109-113. https://doi.org/10.1016/j.copsyc.2017.05.002
Hassmén, P., Lundkvist, E., Flett, G. L., Hewitt, P. L., & Gustafsson, H. (2020). Coach burnout in relation to perfec-tionistic cognitions and self-presentation. International journal of environmental research and public health, 17(23), 8812. http:// doi:10.3390/ijerph17238812
Hjälm, S., Kenttä, G., & Hassmén, P., & Gustafsson, H. (2007). Burnout among elite soccer coaches. Journal of Sport Behavior, 30, 415-427.
Irwin, M. R. (2015). Why sleep is important for health: a psychoneuroimmunology perspective. Annual review of psycholo-gy, 66, 143-172. https://doi.org/10.1146/annurev-psych-010213-115205
Karabatsos, G., Malousaris, G., & Apostolidis, N. (2006). Evaluation and comparison of burnout levels in basketball, volleyball and track and field coaches. Studies in Physical Culture and Tourism, 13, 79-83.
Kelly, E., Banks, J., McGuinness, S., & Watson, D. (2018). Playing senior inter-county Gaelic games: Experiences, realities and consequences. The Economic and Social Research Institute, 76, https://doi.org/10.26504/rs76
Kim, S. S., Hamiliton, B., Beable, S., Cavadino, A., & Fulcher, M. L. (2020). Elite coaches have a similar prevalence of depressive symptoms to the general population and lower rates than elite athletes. BMJ Open Sport—Exercise Medi-cine, 6(1). https://doi.org/10.1136/bmjsem-2019-000719
Lundkvist, E., Gustafsson, H., Hjälm, S., & Hassmén, P. (2012). An interpretative phenomenological analysis of burnout and recovery in elite soccer coaches. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, 4, 400-419. https://doi.org/10.1080/2159676X.2012.693526
Maslach, C., Jackson, S. E. (1981). The Measurement of Experienced Burnout. Journal of Occupational Behaviour, 2, 99-113.
Mellano, K. T., Horn, T. S., & Mann, M. (2022). Examining links between coaching behaviors and collegiate athletes’ burnout levels using a longitudinal approach. Psychology of sport and exercise, 61, 102189.
Nakamura, R. V., & Bastos, F. D. (2021). O Coaching na Gestão do Esporte: Uma revisão sistemática de literatu-ra. Revista de Gestão e Negócios do Esporte, 6(2), 29-45.
Olusoga, P., & Kenttä, G. (2017). Desperate to quit: a narrative analysis of burnout and recovery in high-performance sports coaching. The Sport Psychologist, 31(3), 237 -248. DOI: https://doi.org/10.1123/tsp.2016- 0010
Patrick, A., & Corte, U. (2019). What is qualitative in qualitative research? Qualitative Sociology, 42, 139–160. https://doi.org/10.1007/s11133-019-9413-7.
Patton, M. (2015). Qualitative research & evaluation methods: integrating theory and practice. (4st ed.). Thousand Oaks: Sage.
Quinaud, R. T., Mazzei, L. C., Milan, F. J., Milistetd, M., & Nascimento, J. V. (2019). Gestores do esporte: reflexões sobre sua formação e desenvolvimento profissional. Pensar a Prática, 22, 1-17. https://doi/10.5216/rpp.v22.52188.
Reis, C. P., da Costa, V. T., Pereira, F. D. A. A., dos Santos, E. C., Junior, D. B. R., de Araujo, L. T., & Paes, R. R. (2022). Percepção dos treinadores do Novo Basquete Brasil (NBB) sobre o desenvolvimento dos atletas brasilei-ros. Retos: nuevas tendencias en educación física, deporte y recreación, 43, 325-335.
Reis, C. P., Moraes, L. C., Ferreira, M. C., Noce, F., & Costa, V. T. (2014). Recursos humanos, financeiros e materiais de atletas de basquetebol nas categorias de base e a percepção dos treinadores sobre a formação dos atletas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 28(3), 491-503. https://doi.org/10.1590/1807-55092014000300491
Reis, C. P., Pires, D. A., Pereira, F. D. A. A., & Morales, J. C. P. (2020). Estresse laboral e síndrome de Burnout: per-cepção dos treinadores do Novo Basquete Brasil (NBB). Revista Brasileira de Psicologia do Espor-te, 10(4).https://doi.org/10.31501/rbpe.v10i4.11965
Reis, C. P., Ferreira, M. C., Santiago, M. L., Almeida, F. R., Pires, D.A (2024). Pandemia Covid-19: a percepção de treinadores da Liga de Basquete Feminino sobre as condições laborais e estresse. Retos: nuevas tendencias en educa-ción física, deporte y recreación, 51, 1309-1317.
Ronkainen, N.J. & Wiltshire, G. (2019): Rethinking validity in qualitative sport and exercise psychology research: a realist perspective. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 19, 13-28. https://doi: 10.1080/1612197x.2019.1637363.
Santiago, M. L., Pires, D. A., Samulski, D. M., & Costa, V. T. (2016). Síndrome de burnout em treinadores brasileiros de voleibol de alto rendimento. Revista de Psicología del Deporte, 25(2), 281-288.
Santos, F., & Costa, V. C. (2018). Stress among sports coaches: A systematic review. Cuadernos de Psicología del Deporte, 18(3), 268-292.
Silverman, D. (2020). Qualitative Research. (4a ed.) Thousand Oaks: Sage Publications.
Simões, J., & Bianchi, L. R. (2016). Prevalência da síndrome de Burnout e qualidade do sono em trabalhadores técnicos de enfermagem. Saúde Pesquisa. 9 (3): 473-81. https://doi.org/10.17765/1983-1870.2016v9n3p473-481
Smith, B., & Sparks, A. G. (2016). Interviews qualitative in the sports and exercise sciences. In. B. Smith, B & A. G. Sparks. (Eds.) Routledge Handbook of Qualitative Research in Sport and Exercise (pp. 103-123). Abingdon: Routledge.
Smith, J. A., Flowers, P., & Osborn, M. (2009). Interpretative phenomenological analysis: Theory, method and re-search. London: Sage.
Vealey, R. S., Martin, E., Coppola, A., Ward, R. M., & Chamberlin, J. (2020). The slippery slope: can motivation and perfectionism lead to burnout coaches? International Sport Coaching Journal, 7(1), 1-10. https://doi.org/10.1123/iscj.2018-0043.
Weinberg, & Gould. (2017). Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. (6th ed.) Porto Alegre: Artmed.
Wright, S. A., Walker, L. F., & Hall, E. E. (2023). Effects of workplace stress, perceived stress, and burnout on colle-giate coach mental health outcomes. Frontiers in Sports and Active Living, 5, 974267.https://doi.org/10.3389/fspor.2023.974267
Wu, D., Luo, Y., Ma, S. et al. (2022). Organizational stressors predict competitive trait anxiety and burnout in young athletes: Testing psychological resilience as a moderator. Current Psychology, 41, 8345–8353 (2022). https://doi.org/10.1007/s12144-021-01633-7
Zanatta, T. C., Freitas, D. M., Carelli, F. G., & Costa, I. T. (2022). O perfil do gestor esportivo brasileiro: revisão sis-temática da literatura. Movimento, 24, 291-304. https://doi.org/10.22456/1982-8918.73803
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2024 cleiton Pereira Reis, Márcia Cristina Custódia Ferreira , Flávia Renata de Almeida , Marisa Lúcia de Mello Santiago , Mauro Vinícius de Sá, Fernando Bevilaqua Fernandes Hosken, Daniel Alvarez Pires

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e assegurar a revista o direito de ser a primeira publicação da obra como licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite que outros para compartilhar o trabalho com o crédito de autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Os autores podem estabelecer acordos adicionais separados para a distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado na revista (por exemplo, a um repositório institucional, ou publicá-lo em um livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- É permitido e os autores são incentivados a divulgar o seu trabalho por via electrónica (por exemplo, em repositórios institucionais ou no seu próprio site), antes e durante o processo de envio, pois pode gerar alterações produtivas, bem como a uma intimação mais Cedo e mais do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) (em Inglês).
Esta revista é a "política de acesso aberto" de Boai (1), apoiando os direitos dos usuários de "ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar, ou link para os textos completos dos artigos". (1) http://legacy.earlham.edu/~peters/fos/boaifaq.htm#openaccess
 
						 
							